Menino de 8 anos envenenado com caju morre após dois meses internado; suspeita está presa no Piauí

Após dois meses de internação, Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, faleceu no domingo (10) em decorrência de um envenenamento por caju, ocorrido em agosto deste ano, em Parnaíba, litoral do Piauí. O irmão mais novo, João Miguel da Silva, de 7 anos, também envenenado, não resistiu e morreu em 28 de agosto, apenas cinco dias após o incidente. A principal suspeita do crime é uma vizinha da família, Lucélia Maria da Conceição Silva, de 52 anos, que está presa e responderá por dois homicídios qualificados.

Novembro 11, 2024 - 21:56
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Menino de 8 anos envenenado com caju morre após dois meses internado; suspeita está presa no Piauí

O Envenenamento e a Suspeita

De acordo com a investigação da Polícia Civil do Piauí, Lucélia teria entregue um saco de cajus envenenados com terbufós, uma substância tóxica utilizada como inseticida e conhecida por seus efeitos letais. O envenenamento dos meninos aconteceu no dia 23 de agosto, quando as crianças ingeriram os cajus e logo apresentaram sintomas graves. A suspeita foi presa em flagrante no mesmo dia e teve sua prisão convertida em preventiva. Com a morte de Ulisses, a acusação foi alterada para dois homicídios qualificados consumados.

Laudo Confirma o Veneno

Uma perícia realizada pelo Instituto Médico Legal (IML) comprovou a presença de terbufós nos cajus ingeridos pelos meninos. Segundo o médico Antônio Nunes, diretor do IML, o terbufós é um composto organofosforado, semelhante ao "chumbinho", porém mais tóxico. A substância é amplamente utilizada no controle de pragas, mas seu uso é estritamente regulado devido aos altos riscos de intoxicação.

Família e a Reação ao Envenenamento

Ulisses e João Miguel moravam com a mãe, Francisca Maria da Silva, em uma residência no residencial Dom Rufino, na periferia de Parnaíba. Na tarde do dia 23 de agosto, Ulisses chegou em casa com um saco de cajus, que teria sido oferecido pela vizinha. A mãe conta que, logo após ingerirem a fruta, os meninos saíram para brincar, mas rapidamente apresentaram sintomas de intoxicação.

“Meu filho mais novo voltou para casa tonto, com a pele roxa, a língua preta, e começou a babar e vomitar. Foi uma cena desesperadora”, relembrou Francisca. Os dois foram levados às pressas ao Hospital Nossa Senhora de Fátima, em Parnaíba, e transferidos posteriormente para Teresina em uma aeronave do Samu.

A Luta pela Vida

Durante a internação, Ulisses Gabriel chegou a apresentar uma leve melhora, mas desenvolveu uma sequela cerebral grave, que afetou sua coluna e limitou sua movimentação. Segundo a mãe, embora não pudesse falar, ele ainda respondia aos familiares com os olhos. No entanto, o quadro de saúde voltou a se agravar, e ele não resistiu às complicações decorrentes do envenenamento, falecendo no Hospital de Urgência de Teresina.

Motivações e Consequências Legais

A investigação aponta que Lucélia teria envenenado os meninos por motivo fútil e usou veneno de forma a impossibilitar qualquer defesa por parte das vítimas. As qualificadoras indicadas pela polícia incluem o uso de veneno, dificuldade de defesa das vítimas, e o fato de o crime ter sido cometido contra menores de 14 anos. O Ministério Público do Piauí (MPPI) denunciou Lucélia pelos mesmos crimes e qualificadoras. Ela continua detida na Penitenciária Mista de Parnaíba enquanto aguarda julgamento.

O caso continua sob investigação pela Polícia Civil, que busca entender mais detalhes sobre a motivação da suspeita e esclarecer o que teria levado ao crime.