Brasil reforça fronteira com Venezuela e Guiana devido a tensões sobre o Esequibo
O exército brasileiro está reforçando sua fronteira norte devido ao aumento das tensões entre seus vizinhos Venezuela e Guiana em relação à reivindicação da Venezuela sobre a região do Esequibo, disse o Ministério da Defesa na terça-feira.
O exército brasileiro está movendo veículos blindados e mais tropas para Boa Vista, a capital do estado de Roraima, que faz fronteira com a Venezuela e a Guiana, depois que os venezuelanos votaram em um referendo no domingo para aprovar a anexação do Esequibo.
Os veículos blindados Guaicuru de tração nas quatro rodas se juntarão a um Regimento de Cavalaria Mecanizado atualizado, cuja força aumentará para 600 soldados para melhorar a segurança ao longo da fronteira e intensificar a vigilância para evitar surpresas, disse uma fonte militar à (Reuters).
"Nenhuma das partes poderá tirar vantagem do nosso território", disse o oficial do exército.
A questão envolve uma região de 160.000 quilômetros quadrados, mais que o dobro do tamanho da Irlanda, composta principalmente por uma selva densa. A Venezuela reativou sua reivindicação sobre o Esequibo nos últimos anos após a descoberta de petróleo e gás offshore.
A principal diplomata do Brasil para a América Latina e o Caribe, Gisela Padovan, disse que a principal conexão rodoviária entre Venezuela e Guiana é através do território brasileiro devido ao terreno inacessível do Esequibo, mas seu uso em qualquer ação militar não seria aceito pelo seu país.
"Estamos acompanhando a situação com preocupação. Eu não acredito que chegará a um conflito armado", disse ela em uma entrevista na segunda-feira, na qual instou a uma resolução pacífica.
No referendo de domingo, os eleitores venezuelanos rejeitaram a jurisdição da Corte Internacional de Justiça sobre a disputa territorial de seu país com a Guiana e apoiaram a criação de um novo estado venezuelano na potencialmente rica em petróleo região do Esequibo.
Na sexta-feira, o tribunal proibiu a Venezuela de tomar qualquer ação que alterasse o status quo na área, mas o governo esquerdista do presidente Nicolás Maduro prosseguiu com o referendo.
O Brasil não pediu à Venezuela que cancelasse a votação, mas espera-se que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva critique a campanha venezuelana intensificada pelo Esequibo.
A região está em disputa desde o século XIX, quando a Guiana era uma colônia britânica. Um tribunal internacional em Paris em 1899 resolveu a questão, mas a Venezuela alega que a decisão foi manipulada.